Em qualquer viagem de estrada você não passa mais que alguns minutos sem enxergar grandes fábricas, com seus galpões, silos, caminhões e chaminés por aí. Em alguns casos, até sente aquele cheiro bem característico bem de longe…
Mas tem uma fábrica que você nunca viu: a da Red Bull.
E sabe o motivo? Ela simplesmente não existe!
Ok, não é bem assim. Mas a Red Bull não fabrica energéticos, não encosta em linha de produção das latinhas e na verdade a Red Bull nem é uma marca de energéticos!
A Red Bull é uma marca de… Marketing!
E talvez ela seja a maior do mundo.
Em 2019 a Red Bull vendeu 7 bilhões de latas, faturando mais de 6 bilhões de dólares e investindo 33% disso diretamente em marketing. 2 bilhões de dólares investidos puramente em marketing pode ser um valor que assusta muita gente, mas faz total sentido quando seu foco vai muito além do storytelling.
Enquanto a minha marca, a sua, a do seu zé ali no bairro e até a Coca-Cola usam o marketing para vender seus produtos, a Red Bull subverte o marketing comum e o utiliza como alavanca para vender muito mais a marca que os produtos. Eles não praticam o simples branding ou storytelling, eles praticam o story performing.
A genialidade da Red Bull é usar a contação de história como um elemento coadjuvante. Em vez de contar, eles mostram a história sendo criada em tempo real e ainda te convidam para isso!
Criam campanhas para mostrar que você e um campeão mundial do esporte mais exclusivo do mundo podem usufruir de algo em comum e esse "algo" traz performance e coragem. Coragem inclusive de fazer um salto da estratosfera.
O famoso projeto do Red Bull Stratos custou 55 milhões de dólares e teve retorno de mídia estimado em US$ 6 bilhões. E enquanto o Stratos foi algo extremo e que beirava o impossível, existem outras iniciativas da marca como o Flugtag, onde pessoas comuns criam engenhocas com o desafio de planar sobre a água, ou também a Soap Box Race, que você pode ver aqui.
Já na linha de performance profissional, a Red Bull pode te fazer ficar de queixo no chão com carros de F1 fazendo burnouts no topo de um prédio ou cruzando os EUA.
Todas essas ações fazem a empresa ter mais valor em mídia do que no próprio produto, que é fabricado por um braço tailandês da marca.
Em quase toda abordagem tradicional do marketing de guerrilha, qualquer marca deve ser exibida de forma subliminar, quase como uma surpresa. A Red Bull consegue reverter a lógica e criar a marca em show, atraindo o público para sentir um gostinho do impossível e talvez até tomar um energético.
Eu poderia seguir aquela linha tradicional de Linkedin e perguntar "e você, o que está fazendo para ser como a Red Bull bla bla bla", mas nem faria sentido.
Ao observar de longe e entender que há casos nos quais o produto é um mero coadjuvante.
Um simples fio que conecta times de futebol, equipes de surfe, F1, baseball, boliche, pilotos de helicóptero e até atletas de pula-pula, o que podemos entender é que nem tudo precisa fazer sentido no ponto de vista de produto ou KPI.
Mas que não é impossível transformar o improvável em um negócio com fãs por todo o mundo.